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Árvores Vigilantes do Tempo

Exposições

Inauguração: Sábado, 2 de nov de 2024 | 16h00

Horário: Todos os dias, das 10h às 13h e das 14h às 18h

Público: Todos os públicos

Preço: Entrada livre

Local: Science Photo Gallery

O UC Exploratório apresenta na sua Science Photo Gallery a exposição Árvores Vigilantes do Tempo, fotografia de Fátima Carvalho.


O que Fátima Carvalho, com muita sofisticação poética, aqui nos mostra é uma coleção de imagens a preto e branco, muitas delas em papel de linho, de árvores portuguesas centenárias e, pela sua espantosa resiliência, verdadeiros vigilantes e testemunho do nosso tempo histórico.


Faziam parte dos bosques e florestas que antes da civilização industrial, cobriam a maior parte do nosso país, desde bosques druídicos a recetáculos de pequenas Isis e virgens moreninhas de pequeno tamanho e, naturalmente, em tempo de crise, ao aparecimento da Virgem. Sempre com um não sei quê de sagrado.


Mas muitas delas devem a sua permanência ao tempo em que a racionalidade e a libertação burguesa ganham consciência nos homens e se criam jardins e Passeios Públicos. A cidade, que se torna uma criação burguesa, recria dentro dos seus muros um mundo em miniatura para desfrute da população.


Se as palmeiras de Marrocos e, depois, da Índia começaram a fazer parte da nossa envolvência, mesmo a mais popular, para os jardins públicos e privados adotam-se muitas árvores exóticas, como o cipreste do México e da Guatemala que está no Príncipe Real, (futuro D. Pedro V) como cedro-do-Buçaco no que foi o antigo Jardim Romântico e que foi a primeira árvore a ser considerada monumento natural nacional, em 1940.


Tem apenas 150 anos, a maioria destas árvores tem mais. Muitas delas seriam incluídas nesses jardins e passeios públicos, facilitando a sua composição, caso da Alameda de plátanos na Cordoaria no Porto, mandados plantar já no século XVII, conforme esquema para essa Cordoaria de Filipe II, renovado por Filipe III de Portugal.


Os tulipeiros de Braga, como o da Casa do Passadiço também representado são de século XVIII e do mesmo tempo será a árvore-papel do Jardim Botânico, ainda do tempo do seu construtor, o francês Salabert. O eucalipto só se generaliza no século XIX, mas poderiam ter estado presentes ainda antes nos jardins medicinais dos conventos.


O ponto de partida de Fátima é o carvalho do Alto, sua terra e pertença, em Montalegre. Como a oliveira, ou a azinheira, a alfarrobeira, o pinheiro e o castanheiro são plantas autóctones. E, como a oliveira e a azinheira, o carvalho é planta sagrada, pois nas folhas destas árvores reluz o brilho da prata, o metal sagrado dos construtores das Antas e dos povos que lhes seguem, os celtas. A oliveira de Serralves será do tempo dos Suevos, no Porto, quando Lisboa ainda nem sequer era árabe. E as oliveiras de Guimarães poderão ser medievais.


A fotógrafa escolheu o linho para suporte, um tecido que atravessou todos os tempos. Escolheu o preto e branco porque define os contornos e a distância e avoluma com as sombras o envelhecimento destas árvores. É um tributo, pois assim, ainda mais as engrandece.


Maria do Carmo Serén

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